sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias.


Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
Sermão 93
«A meio da noite, ouviu-se um brado». Que brado é este senão aquele de que fala o apóstolo Paulo: «Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final»? «Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados» (1Co 15,52). Depois deste brado, que soará a meio da noite, que acontecerá? «Todas despertaram». Que quer isto dizer? O próprio Senhor nos diz: «É chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a Sua voz e sairão» (Jo 5,28) [...].
Que querem dizer estas palavras: «Não levaram azeite consigo»? Consigo, quer dizer nos seus corações. [...] As virgens insensatas, que não levaram azeite com elas, procuraram agradar aos homens pela sua continência e pelas suas boas obras, simbolizadas pelas candeias. Ora, se o motivo das suas boas obras é agradar aos homens, elas não levam azeite com elas. Mas vós, levai o azeite convosco; levai-o no vosso interior, onde penetra o olhar de Deus; trazei aí o testemunho de uma boa consciência. [...] Se evitais o mal e se fazeis o bem para recolher lisonjas dos homens, então não tendes azeite no interior das vossas almas [...].
Antes de estas virgens terem adormecido, não se disse que as suas candeias estivessem apagadas. As candeias das virgens prudentes brilhavam com um vivo fulgor, alimentadas pelo azeite interior, pela paz da consciência, pela glória secreta da alma, devido à caridade que a abrasa. As candeias das virgens insensatas também brilhavam. E porquê? Porque a sua luz era mantida pelos louvores humanos. Quando se levantaram, isto é, na ressurreição dos mortos, começaram a pegar nas candeias, ou seja, a preparar as contas que deviam prestar a Deus pelas suas obras. Mas, nessa altura, já não haverá ninguém para as elogiar. [...] Elas tentarão, como sempre tinham feito, brilhar com o azeite alheio, viver das lisonjas dos homens: «Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se».

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