domingo, 8 de agosto de 2010

Nada te pertube, nada te espante...


A Inquisição procurava em Ávila não só a sua autobiografia, mas todos os seus outros escritos. O pe. Domingos Báñez, resolvido a defender a Madre com a sua grande autoridade, levou pessoalmente aos inquisidores a obra denunciada, depois de introduzir nela ligeiros retoques e acrescentar algumas páginas de aprovação.

Quando Teresa teve conhecimento do perigo que corria, não se pertubou:

- Deus sabe com quanta sinceridade escrevi o que é verdade.

Por acaso não proclamava em todos os seus livros, grandes e pequenos, regularmente e em todos o tons, a sua fidelidade à Igreja?No livro da Vida dizia: "...esmigalharia os demônios em defesa da menor das verdades da Igreja". Nas Moradas:"se disser alguma coisa que não esteja de acordo com o que diz a Santa Igreja Católica Romana, será por ignorância e não por malícia". No Caminho de perfeição: "em tudo o que disser neste livro, submeto-me ao que manda a Santa Madre, a Igreja Romana". E nas Relações Espirituais: "Submeto-me em tudo à correção da Igreja".

Para ela, submeter-se era amar. Mas não queria que as suas filhas se inquietassem, e procurava tranquilizá-las recordando-lhes:

Nada te pertube, nada te espante...

Outras vezes, encolhia docemente os ombros e dizia:"Que más da?, E daí?"

Quando deixou Segóvia para regressar a Àvila, deteve-se na gruta onde tinha vivido São Domingos, e ali permaneceu prostrada tanto tempo que os seus acompanhantes começaram a impacientar-se. Desculpou-se com muita graça: tinha sido retida pela santo fundador da Ordem dos Pregadores, que lhe aparecera e lhe promotera ajudá-la em tudo e particularmente nas suas fundações.

Que tinha ela a temer de quem quer que fosse, mesmo que se tratasse de inquisidores?

Marcelle Auclair

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