quinta-feira, 1 de outubro de 2015

SANTA, GRAÇAS A SEUS SANTOS PAIS!

A Santa Família Martín: pais e filha santos,
uma serva de Deus, 03 monjas carmelitas e
04 "anjinhos". 
Tal pai, tal filho, reza um ditado comum no Brasil. Também já estamos  às portas de outubro, mês das missões, iniciado com a festa de Santa Teresinha, padroeira das missões. Mês do Rosário, do Sínodo dos bispos sobre a missão da família. E especialmente para a família do Carmelo Teresiano, além de encerrarmos o Ano Teresiano no qual festejamos os 500 anos de nascimento de Santa Teresa D’Avila, teremos a alegria da primeira canonização de um casal dia 18, Luís e Zélia, pais santos e geradores de vidas santas.

Voltemos um pouco a página da história. Dia 2 de janeiro de 1873. Estamos em Alençon França. Dia alegre para família de Luis e de  Zélia com a chegada da nona filha, Teresa. Luís, o pai tem quase 50 anos de idade; a mãe Zélia está com 41 anos de idade e traz em si o sofrimento pela perda de quatro filhos ainda pequeninos, mais o trabalho de sua pequena empresa de bordado do famoso ponto de Alençon. As quatro irmãs mais velhas de Teresa  a mimam e a cumulam de atenção.

Porém esse tempo feliz da família em Alençon vai “passar pelo crisol do sofrimento” (MA 12r): a morte de Zélia (28 de agosto de 1877) após grandes sofrimentos causados por um câncer num seio, os quais foram vividos no abandono em Deus, na oração e oblação de si. Zélia mesmo nos últimos dias de sua vida, quando dar um passo provocava dores lancinantes, não deixou de ir à Missa, normalmente a das 6 da manhã, a missa dos pobres que depois seguiam para o trabalho. Este bom costume foi sempre vivido pelo casal e mesmo depois da morte de Zélia, Luís continuou a seguí-lo, bem como a participação nas adorações ao SS. Sacramentos e das Vésperas na igreja paroquial.

Teresa em sua infância não compreende bem a situação da perda materna,  mas a sofre profundamente e busca refúgio na irmã mais velha, Paulina (MA 13v). O  pai pensando na continuidade da educação das filhas, decide mudar com a família para Lisieux, a fim de estar mais próximo de seus cunhados que o ajudarão nesta tarefa de educação e de cuidado das filhas órfãs.

Em Lisieux Teresa plantará suas raízes e será o local que lhe emprestará o nome com o qual é também conhecida: Teresa de Lisieux. Fará sua primeira comunhão, o que ela chama sua “fusão com Jesus” (MA 35 r), que a conduzirá no caminho da vida contemplativa do Carmelo desta cidade, onde já se encontram algumas de suas irmãs.

Aos escrever as suas recordações – a História de uma alma – Teresa reconhece que teve “pais incomparáveis” (MA 3r) que a educaram na virtude, corrigindo seus defeitos a tempo, o que a ajudou a crescer na perfeição (cf. MA 8v); bastava que lhe dissessem que o que ela fazia não era correto ou bom, que Teresa punha mãos à obra para que eles não repetissem a mesma recomendação ou advertência.

Numa interessante comparação sobre a educação dos filhos por parte dos pais, Teresinha escreve:

“Como os passarinhos aprendem a cantar escutando seus pais, assim as crianças aprendem a ciência da virtude, o canto sublime do amor de Deus, das almas encarregadas de formar-lhes para a vida” (MA 53 r).

Na tarefa educativa dos pais, Teresa aplica à sua missão a promessa de Jesus do cêntuplo, tradicionalmente aplicada à vida consagrada ou sacerdotal: são “pais generosos que fazem o sacrifício de seus filhos a quem mais querem”  pela causa do Reino (Cta. de 14-17 outubro 1895).

Das orações em família guarda Teresa uma terna lembrança: bastava olhar para seu pai em oração “para saber como rezam os santos” (MA 18r). E aqui vale a pena lembrar que a certeza  da santidade de seus pais sempre esteve presente em sua memória (cf. MA 82 v). Muitos dos vizinhos que ouviam os passos da família que passava cedo pelas ruas em direção à igreja para a missa, comentavam: são os santos cônjuges Martin que vão para a missa.

Após a morte do pai (29 de julho de 1894) Teresinha escreve uma espécie de oração ou poesia como história familiar intitulada Oração da filha de um santo (Poesia 8). Na primeira estrofe escreve:

Recorda-te de que outrora na terra
Tua felicidade era sempre nos amar.
De tuas filhas escuta agora a prece,
Protege-nos, digna-te nos abençoar.
Encontraste no céu nossa Mãe querida
Que já te precedera na Pátria eterna,
Agora nos céus
Reinais os dois
Velai por nós.

Fazemos nossas as palavras de Teresinha e pedimos que o exemplo de Luiz e Zélia possa iluminar e fortalecer tantos casais que,  animados pelo mesmo espírito de santidade sigam adiante, formando seus filhos no amor a Deus amor ao próximo. Esta é a parte mais sublime de sua nobre e desafiante missão. E ao mesmo tempo, supliquemos ao Espírito Santo sua luz sobre o Sínodo dos bispos sobre a família e sua missão no mundo de hoje: à luz da Sagrada Família sejam o fermento do Reino!

(Frei Alzinir Debastiani, ocd, delegado geral para a OCDS)



Relicário contendo os ossos dos
braços direitos de Santa Zélia e de
São Luís, em homenagem ao
enlace matrimonial entre os dois. 

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