segunda-feira, 30 de julho de 2012

'Não nos alimentemos só de pão, mas de amor e de verdade!'



Durante o Angelus, o Papa convidou a redescobrir os gestos de amor e a implementar a paz na Síria e no Iraque
CASTEL GANDOLFO, domingo, 29 de julho de 2012 (ZENIT.org) – Às 12h de hoje o Santo Padre Bento XVI apareceu na varanda do Pátio interno do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo e recitou o Ângelus com os fiéis e os peregrinos presentes.
[Estas são as palavras do Papa na introdução da oração mariana]:

Queridos irmãos e irmãs,

Neste domingo começamos a leitura do capítulo 6º do Evangelho de João. O capítulo começa com a cena da multiplicação dos pães, que depois Jesus comenta na sinagoga de Cafarnaum, indicando em si mesmo o "pão" que dá a vida. As ações de Jesus são paralelas às da Última Ceia: "Tomou os pães e, depois de ter dado graças, entregou-os aos que estavam sentados" - assim diz o Evangelho (Jo 6,11). A insistência no tema do "pão", que é compartilhado, e no dar graças (v.11 em grego eucharistesas), lembram a Eucaristia, o Sacrifício de Cristo para a salvação do mundo.
O evangelista diz que a Páscoa, a festa, já estava próxima (cfr v. 4). O olhar é direcionado para a Cruz, o dom do amor, e à Eucaristia, a perpetuação deste dom: Cristo faz-se pão de vida para os homens. Santo Agostinho comenta assim: "Quem, senão Cristo, é o pão do céu? Mas para que o homem pudesse comer o pão dos anjos, o Senhor dos anjos se fez homem. Se isso não tivesse acontecido, não teríamos o seu corpo; não tendo o seu corpo, não teríamos o pão do altar" (Sermão 130,2). A Eucaristia é o maior grande encontro do homem com Deus, no qual o Senhor se faz nosso alimento, se dá a Si mesmo para transformar-nos Nele mesmo.
Na cena da multiplicação, também é relatada a presença de um menino que, diante da dificuldade de alimentar tantas pessoas, partilha aquele pouco que tinha: cinco pães e dois peixes (cfr Jo 6,8). O milagre não é produzido do nada, mas de uma primeira pequena partilha do que um simples rapaz tinha. Jesus não nos pede o que não temos, mas nos faz ver que, se cada um oferece o pouco que tem, repetidas vezes pode ser feito o milagre: Deus é capaz de multiplicar nosso pequeno gesto de amor e fazer-nos participantes da sua dádiva.
A multidão ficou impressionada com o prodígio: vê em Jesus o novo Moisés, digno do poder, e no novo maná, o futuro assegurado, mas pára no elemento material, que comeram, e o Senhor, “sabendo que o estavam levando para torná-lo rei, retirou-se novamente para a montanha, ele sozinho” (Jo 6,15). Jesus não é um rei terreno que exerce o domínio, mas um rei que serve, que se inclina ao homem para satisfazer não só a fome material, mas sobretudo a fome mais profunda, a fome de orientação, de sentido, de verdade, a fome de Deus
Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor para nos ajudar a redescobrir a importância de não só alimentar-nos de pão, mas de verdade, de amor, de Cristo, do corpo de Cristo, participando fielmente e com grande consciência da Eucaristia, para estar cada vez mais intimamente unidos a Ele. De fato "não é o alimento eucarístico que se transforma em nós, mas somos nós que misteriosamente somos transformados por ele. Cristo nos alimenta unindo-nos a si; nos atrai para si” (Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 70). Ao mesmo tempo, queremos rezar para que não falte jamais a ninguém o pão necessário para uma vida digna, e desapareçam as desigualdades não com as armas da violência, mas com a partilha e o amor.
Nos confiamos à Virgem Maria, enquanto invocamos sobre nós e nossos seres queridos a sua materna intercessão.

[Depois do Angelus]:
Queridos irmãos e irmãs,

Continuo a acompanhar com preocupação os trágicos e crescentes episódios de violência na Síria com a triste sequência de mortos e feridos, também entre os civis, e um grande número de deslocados internos e de refugiados nos países vizinhos. Por isso peço que seja assegurada a necessária assistência humanitária e a ajuda solidária. Ao renovar a minha proximidade às pessoas que sofrem e a lembrança na oração, renovo um apelo urgente, para que termine toda violência e derramamento de sangue.
Peço a Deus a sabedoria do coração, especialmente por todos aqueles que têm mais responsabilidade, para que não se poupe nenhum esforço na busca da paz, também na comunidade internacional, através do diálogo e da reconciliação, para uma adequada resolução política do conflito. O meu pensamento se dirige também para a cara Nação iraquiana, golpeada nestes últimos dias por numerosos e graves atentados que causaram muitos mortos e feridos. Que este grande País encontre o caminho da estabilidade, da reconciliação e da paz.
Daqui a um ano, justo neste tempo, acontecerá a 28ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de janeiro, Brasil. É uma oportunidade valiosa para muitos jovens experimentarem a alegria e a beleza de pertencerem à Igreja e de viverem a fé. Olho com esperança para este evento e desejo incentivar e agradecer os organizadores, especialmente a Arquidiocese do Rio de Janeiro, comprometidos a preparar com diligência a acolhida dos jovens que de todo o mundo participarão deste importante encontro eclesial.
Acompanho com preocupação as notícias sobre o estabelecimento ILVA de Taranto e gostaria de expressar a minha proximidade aos trabalhadores e seus familiares, que vivem com ansiedade esses momentos difíceis. Enquanto asseguro a minha oração e o apoio da Igreja, exorto a todos para o sentido de responsabilidade e incentivo as instituições nacionais e locais para fazerem todos os esforços para alcançarem uma solução justa da questão, que proteja tanto o direito à saúde, quanto o direito ao trabalho, especialmente nestes tempos de crise econômica.

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