domingo, 11 de abril de 2010

CAMINHOS PARA REZAR MELHOR


Caminhos para rezar melhor
(Frei Patrício Sciadini, ocd)

A oração não acontece por acaso é fruto de convicções de valores, de esforço e especialmente de graça de Deus. A oração é dom de Deus é a presença do respeito que foi e é derramada constantemente nos nossos corações por isso somos capazes de “gritar Aba Pai”. A oração não deve ser confundida como exercícios de relaxamento ou Ioga, ou uma ginástica intelectual ou mental. Encontrar o Senhor é sempre um caminho difícil e que exige de nos a capacidade de contemplar o invisível na luz que ofusca o nosso fraco olhar e na noite que não raramente nos amedronta... “numa noite escura, de feliz ventura” canta o místico carmelita descalço
Para chegarmos à intimidade contemplativa que é ideal para todos os cristãos não é privilégio de poucos “gênios espirituais”, é um a caminho para todos os que se aventuram na busca do senhor e do seu rosto precioso.


SILÊNCIO


O SILENCIO é o seio da oração onde ela é gerada e toma vida. No silencio encontramos o eco do mesmo silêncio de Deus que nos convoca a escutá-lo. É no silencio que deve estar constantemente e permanentemente na escuta do filho bem amado do Pai Jesus Cristo. Pelo silencio fazemos espaço dentro de nos a novos sentimentos e nos despojamos dos velhos. O silencio é o espelho onde podemos nos contemplar a cada instante e descobrir a nossa fragilidade, a nossa força, devemos aprender a fazer silêncio exterior antes de tudo, evitar todo tipo de barulho, de gritaria de ambientes onde nós podemos encontrar os valores os quais buscamos. O silencio se faz necessário para silenciar a si mesmo. Silenciar a si mesmo quer dizer deixar morrer em nós todos os sentimentos de agressividade, de rancor; não alimentar o mal, mas alimentar o bem que como nascente de água pura borbulha dentro de nós. Silenciar é uma arte que se aprende vagarosamente; o silencio é o caminho da oração. O silencio não estático, mas dinâmico serve para ruminar, mastigar a palavra ouvida... E transformá-la em vida.

SOLIDÃO

GRANDE COISA é a solidão diz Santa Teresa. O místico João da Cruz fala da solidão sonora e da música silenciosa onde se aprende a viver a plena comunhão com a Trindade Santa. Os místicos falam de solidão infinita e bela, para que através dela Deus possa se fazer presente em nós. Buscar a solidão para si mesmo não tem sentido; é necessário saber o que procuramos e buscamos para encontrar-se totalmente com Deus. Buscar solidão como deserto, como montanha ou noite. São os três momentos de profunda solidão onde nada pode nos perturbar. A solidão é necessária para quem quer entrar em comunhão com o Senhor, consigo mesmo e com os outros. Procure na sua vida momentos de solidão para ficar mais com você mesmo; é o amor que leva à solidão e não o pessimismo ou a falta de assunto ou de alegria de estar com outros. Não se trata de solidão patológica, mas uma solidão mística e orante.

HUMILDADE

O sentido etimológico da palavra humildade quer dizer húmus? Terreno fértil, fecundo onde podemos plantar que tudo dá. Assim a humildade é a base de todo começo e de toda iniciativa que seja motivada por grandes ideais. O orgulho nos ofusca a vista espiritual. Na humildade sabemos quanto valemos e quanto necessitamos da graça de Deus. Por isso que a humildade é caminhar na verdade. Somente quem busca a verdade e ama a sinceridade pode considerar-se humilde. Na oração a humildade é muito necessária, porque somente tendo consciência de nossa fragilidade e pobreza buscamos o diálogo com Deus. Pela humildade nos colocamos na escuta do amor e procuramos não ser nós mesmos os que iniciam o diálogo, mas sempre Deus, sumo bem e amor infinito é quem toma a iniciativa de nos amar.

AMIZADE

A CHAVE de leitura der toda a obra Teresiana é amor–amizade; para ela oração repete tantas vezes, não consiste em muito pensar, mas em muito amar, é principalmente uma história de amizade um trato de relacionamento, de entrosamento entre Deus e homem. Sem amizade não podemos viver, a amizade verdadeira não procura o próprio interesse, mas se dispõe a dar tudo e o melhor de si. A amizade nos faz falar em todos os momentos, triste é quem não tem amigos. O não ter amigos é a forma mais rudimentar e mais selvagem do egoísmo. Mas devemos distinguir as amizades; para Teresa amizade é Dom, entrega e busca do verdadeiro amor. Vale a pena aprofundar este tema da amizade humano-cristã. Deus é amor, por isso o que é amigo que se doa. Jesus nos chama de amigos... E nos chama de amigos porque ele não tem segredo para nós, mas nos diz tudo o que ele ouviu do pai. Na amizade verdadeira, autêntica, não há segredo nos apresentarmos na nossa desnudez total.

DESAPÊGO

Existe uma palavra em desuso na mística e na espiritualidade, mas tão necessária na vida espiritual e na mística que poderíamos dizer que é um pouco irmã da ascese... o desapego . O desapego é o esforço pessoal alimentado pela graça de Deus para poder purificar o nosso coração e todas as nossas faculdades de todo apego desregrado. O desapego o é caminho para a liberdade plena de si mesmo. Quem vive o desapego é senhor dos seus sentimentos.
Os místicos, especialmente São João da Cruz e Santa Teresa falam muito de desapego. Poderíamos dizer que o desapego é a noite ativa... o esforço nosso em nos libertar de tudo o que nos prende. Quem quer ser orante não pode prender o coração a tantas coisas pequenas que o escravizam.


ABNEGAÇÃO e MORTIFICAÇÃO

São duas palavras muito unidas na espiritualidade e que muito nos ajudam a caminhar na liberdade interior e exterior na procura do Senhor. São João da Cruz coloca isto em evidência na III estrofe do Cântico Espiritual. Normalmente por abnegação entende-se o esforço interior para se libertar dos que nos agrada. Abnegado é quem é corajoso nas suas renúncias, abnegação diz respeito mais aos sentimentos, gostos, imperfeição de caráter interior e espiritual.
Mortificação como diz a mesma palavra “morte facere” fazer acontecer a morte diz mais respeito aos sacrifícios humanos referentes ao corpo. Jejum, privar-se de coisas, de doce, de bebida, de cigarro de tantas outras coisas supérfluas que escravizam a nossa vida.mortificar a gula, a vista, ou ouvido, o tato ,o olfato ,o gosto...


A ALEGRIA

BUSCA DE DEUS E O ENCONTRO COM ELE na oração deve produzir necessariamente a alegria. Mas a alegria não se reduz a sentimentos ou gargalhadas, é muito mais profunda; é uma atitude interior .podemos ser alegria no sofrimento na cruz, nas contrariedades e podemos estar tristes na saúde, no bem estar econômico, social ..., a oração sempre dá alegria porque nos coloca em sintonia com os senhor. Com sua vontade. A alegria é fruto do Espírito Santo como diz Paulo : o evangelho convida constantemente a alegria, Jesus veio para que a nossa alegria seja completa...



COMPROMISSO

QUEM TOMA O caminho da oração deve estar disposto a seguir o caminho da determinação. A oração exige perseverança empenho e compromisso Não é rezando de vez em quando ou alguns dias no ano que nos tornamos orantes. Deve ser uma pratica realizada muitas vezes no dia. O compromisso da oração nos compromete na vivência de todos os nossos compromissos humanos, o orante será sempre uma pessoa responsável, seria, no cumprimento dos seus deveres.

VIVER EM COMUNHÃO

ONDE duas ou três pessoas estiverem reunidas no meu nome eu estarei no meio delas. Estas palavras de Jesus nos faz compreender que a oração embora seja algo de intimo pessoa ela sempre nos envolve na dimensão comunitária. A oração é sempre comunitária e o encontro pessoal com Deus trasborda na comunidade em que vivemos. Os primeiros beneficiados da oração somos nós mesmos e depois a família, a comunidade, o ambiente de trabalho. É preciso para descobrir a beleza da oração remoer com todos os muitos do egoísmo humanos e se abrir aos outros na plenitude e na vida. A oração nasce da solidariedade, da consciência do sofrimento dos nossos irmãos. Deus nos convida a sermos como ele que vê o sofrimento do seu povo no deserto e no Egito, como Jesus que percebe que o povo é como rebanho sem pastor, e como Maria que percebe que falta o vinho nas bodas de cana... Os santos sempre escolheram o caminho da oração para ser nos intercessores diante de Deus em favor do povo. Sem o sentido comunitário não há oração.

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