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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um texto para meditar sobre velas e luzes!

Estava lendo umas coisas que escrevi tempos atrás e me deparei com esta crônica, que um dia usei numa missa de formatura de uma turma de medicina... Espero que gostem:
Sobre velas e luzes (Frei Marcos Matsubara, ocd)

Algum tempo atrás estive pensando sobre inutilidades...
Olhei para cima da estante do meu quarto e vi uma vela que ganhei de um amigo, o Frei Luiz Antônio.
Sabe aquele tipo de vela que é tão bonita que chega a dar pena de acendê-la? A gente fica com medo de gastar, justamente porque é bonita demais.
Pois bem, eu bem que fico lamentando toda vez que a acendo, mas não há outro jeito. Caso contrário ela ficaria eternamente como um simples objeto de adorno, certamente muito bonito, mas sem qualquer utilidade a não ser o de enfeitar a estante.
Todas as vezes que tem alguma data especial eu acendo esta vela, que veio de um santuário mariano da Áustria, e a cada vez que é acendida eu faço uma oração, primeiro pelo frei Luiz Antônio e depois para os muitos amigos que tenho. É uma maneira que descobri de trazê-los ao meu lado, uma presença espiritual que só o coração entende.
Mas, voltando ao caso da vela e da sua inutilidade, eu lembrei que a vela é um desses objetos que perderam a sua função primeira, que neste caso é o de iluminar. Qualquer criança sabe que uma lâmpada, até mesmo uma fraquinha de 15 watts, ilumina mais do que uma vela de sete dias. Portanto, como “objeto iluminador” a vela já foi superada há muito tempo pelas lâmpadas. Aliás, é incrível a variedade de cores, formas, tamanhos e aplicações das lâmpadas que temos à disposição hoje em dia. Outro dia vi um chuveiro que, com a ajuda da iluminação artificial, permitia ao usuário tomar banho colorido, isto é, a água que caía do chuveiro vinha colorida. Para quem gosta de opções esotéricas, cromoterapia, etc, é um prato cheio. Eu achei até muito bonito de se ver mas, sinceramente, ficar tomando banho debaixo de águas coloridas pareceu muita excentricidade para o meu gosto.
Pois então, se as velas perderam sua função original (deixaram de ser “úteis), deveriam cair no esquecimento, se não conseguissem conquistar um novo sentido, se a elas não fosse atribuída uma nova função, algo que está ligado ao que a gente não vê. Foi isso o que aconteceu e elas passaram a ser velas de aniversário, velas de jantares românticos, velas de romeiros... O Anselm Grün escreveu certa vez que os peregrinos deixam suas velas acesas em frente às imagens dos santos para que elas (as velas acesas) continuem rezando por eles até que se consumam totalmente. Pode não ser verdade, mas que é uma bela explicação, isso é!
No canto do Exultet (da liturgia do Sábado da vigília da Páscoa), num dado momento diz o seguinte: “ que a luz deste círio misture sua luz à das estrelas”. Puxa, isso é pura poesia. Uma luz que seja tão ardente a ponto de se confundir com a luz estrelar.
Velas são inúteis... ficam encostadas nas gavetas das casas por um tempão, ou como simples objetos de decoração, a não ser que aconteça um black-out. Aí no meio da escuridão, sem luz elétrica, todo mundo é capaz de revirar a casa inteira à procura de um cotoco de vela. (Onde foi mesmo que eu coloquei aquela vela? Droga, a gente só acha as coisas quando não precisa! Valei-me São Longuinho se eu achar um cotoquinho, juro que dou três pulinhos!).
Mas as velas têm uma poesia que nenhuma lâmpada tem. Velas morrem diante de nossos olhos consumindo-se em lágrimas. Elas precisam desaparecer para iluminar o lugar onde estão. Ao contrário das luzes elétricas, elas nunca violentam o mistério do ambiente que iluminam. Sempre deixam algo na penumbra, só iluminam parcialmente e o resto continua mergulhado no escuro preservando o mistério das coisas e pessoas ou ocultando assombrações que me faziam tremer de medo quando eu era pequeno. Velas têm chamas que dançam feito bailarinas, tremulando freneticamente, noutras vezes plácidas e sonolentas. Pensando bem, nos assemelhamos mais a frágeis velas de curta duração, do que a lâmpadas eficientes, duradouras, resistentes a ventos, funcionais, práticas... mas frias.
Certo dia Jesus disse que deveríamos ser luzes neste mundo. “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo (Mt 5,14). A vocês que trabalham em diversas ocupações, gostaria de deixar uma mensagem de fé e esperança: Sejam luzes a iluminar a vida daqueles que um dia haverão de buscar a sua ajuda profissional. Não esqueçam de que antes de serem clientes, pacientes ou fregueses, são seres humanos que buscam luzes para os seus problemas, soluções para suas necessidades.
Como velas que se desgastam para iluminar, não se poupem em ser melhores. Melhores não somente como profissionais, mas humanamente. Um médico que saiba olhar nos olhos de seu paciente estará ajudando na sua cura, pois sabemos que as enfermidades físicas vêm acompanhadas de outras que são da alma, do coração. Ninguém gosta de ser tratado como um número na lista de consultas. Todos queremos ser tratados como gente.
Há quem diga que tudo isso não passa de uma enorme besteira própria de pessoas exageradamente idealistas, românticas ou sonhadoras. Mas, creiam-me, estamos bem acompanhados. Alguém já cantou uma dia: “ You’ll may say I’m a dreamer, but I’m not the only one” (Imagine- John Lennon)
Como velas inúteis, continuemos iluminando. Esta é a nossa missão. Brilhemos neste mundo tão cheio das sombras da desconfiança. Precisamos de profissionais que sejam mais do que simples lâmpadas fluorescentes de brilho eficiente, mas profundamente frias e impessoais.
Precisamos de homens e mulheres que saibam ser como velas que iluminam sem jamais violentar o sagrado mistério das coisas e pessoas que estão a seu redor.
Sim, precisamos de gente que tenha o sabor do sal e o calor da luz. Precisamos de vocês...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Santa Mônica, rogai por nós!! 27-08

Neste dia que celebramos Santa Mônica, vemos que o tempo do cristão é o tempo da espera: espera de Deus e de seu evento, vivida na disponibilidade interior da confiança e da esperança, tempo que ela soube esperar para a conversão de seu filho Agostinho. Faltando vigilancia, falta uma importante dimensão da fé: a capacidade constante de passar de um estado de transitoriedade a outro.
Ainda hoje Jesus vem a nós, como um ladrão na noite. Sabemos quanto é dificil discernir seu apelo e sua presença nos acontecimentos do hoje de Deus. Dificilmente reconhecemos Jesus e o recebemos, se não nos preparamos de continuo e não estamos prontos a cada instante. Uma coisa sabemos pela fé: Deus está de tal modo ligado ao homem que onde quer que estivermos, lá está ele, presente, ainda que não o saibamos. É preciso romper as barreiras, saltar os muros, ser infatigaveis na busca da comunhão com todos. Então a espera será premiada.
Como Paulo exorta a comunidade de Tessalônica na primeira leitura, a crscer abundantemente no amor reciproco e para com todos. Com efeito, o chamado de Deus leva à comunhão com ele, comunhão leva à consagração e a consagração torna-se missão. A comunidade convertida a Deus cria no mundo um espaço de amor. Este espaço é uma luz e uma força que vem do Espírito de Deus. A comunidade que possui esta luz torna-se invunerável. Em vão encarniçam contra tais comunidades os humanismos ateus. Por certo a missão de ser luz é difícil: nasce unicamente da transparencia de Deus, da sinceridade do coração e da contemplação de Deus. Só a comunidade que prega evangeliza.
Peçamos a intercessão de Santa Mônica na espera ativa do Reino de Deus no nosso meio.

ORAÇÃO A SANTA MÔNICA:
Ó Esposa e Mãe exemplar, Santa Mônica: Tu que experimentastes as alegrias e as dificuldades da vida conjugal; Tu que conseguiste levar à fé teu esposo Patrício, homem de caráter desregrado e irascível; Tu que chorastes tanto e oraste dia e noite por teu filho Agostinho e não o abandonaste mesmo quando te enganou e fugiu de ti. Intercede por nós, ó grande Santa, para que saibamos transmitir a fé em nossa família; para que amemos sempre e realizemos a paz. Ajuda-nos a gerar nossos filhos também à vida da Graça; conforta-nos nos momentos de tristeza e alcança-nos da Santíssima Virgem, Mãe de Jesus e Mãe nossa, a verdadeira paz e a Vida Feliz. Amém. Santa Mônica, rogai por nós.

A falsidade é a marca do diabo.

Angelus de Bento XVI em Castel Gandolfo
CASTEL GANDOLFO, domingo, 26 de agosto de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos as palavras de Bento XVI aos fiéis e peregrinos reunidos diante de sua residência de férias a Castel Gandolfo para a tradicional oração do Angelus.

Nos domingos anteriores meditamos o discurso sobre o "pão da vida" que Jesus pronunciou na sinagoga de Cafarnaum, depois de alimentar milhares de pessoas com cinco pães e dois peixes. Hoje, o Evangelho apresenta a reação dos discípulos àquele discurso, uma reação que foi o próprio Cristo, consciente, a provocar. Antes de tudo, o evangelista João - que esteve presente, juntamente com os outros Apóstolos - diz que "A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele." (João 6, 66). Por quê? Porque não acreditaram nas palavras de Jesus, quando disse: Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. (cf. João 6,51-54); palavras realmente difíceis de aceitar neste momento, de compreender. Essa revelação - como disse - continuava incompreensível para eles, porque a entenderam no sentido material, enquanto essas palavras preanunciavam o mistério pascal de Jesus,em que Eledaria a si mesmo pela salvação do mundo: a nova presença na Santa Eucaristia.
Vendo que muitos dos seus discípulos se retiravam, Jesus disse aos Apóstolos: "Também vós quereis ir embora?" (João 6, 67). Como em outros casos, é Pedro, quem responde em nome dos Doze: "Senhor, a quem iríamos nós? - Também nós podemos refletir: a quem iremos? – Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus "(João 6, 68-69). Sobre esta passagem, temos um belo comentário de Santo Agostinho, que diz, em seu sermão sobre João 6: "Vejam como Pedro, pela graça de Deus, a inspiração do Espírito Santo, compreende? Por que compreendeu? Porque acreditou. Tu tens palavras de vida eterna. Tu nos dás a vida eterna, oferecendo o teu corpo [ressuscitado] e o teu sangue [Tu mesmo]. E nós acreditamos e conhecemos. Não diz: conhecemos e depois acreditamos, mas acreditamos e depois conhecemos. Acreditamos para poder conhecer, se com efeito, quiséssemos conhecer antes de acreditar, não seríamos capazes nem de conhecer e nem acreditar. O que acreditamos e o que conhecemos? Que Tu és Cristo Filho de Deus, isto é que Tu és a vida eterna e através da tua carne e do teu sangue nos dás aquilo que tu próprio és."(Comentário ao Evangelho de João, 27, 9). Assim disse Santo Agostinho, em um sermão para seus fiéis.
Enfim, Jesus sabia que, entre os doze Apóstolos havia um que não acreditava: Judas. Ele poderia ter ido embora, como fizeram os outros discípulos, ou melhor, deveria ter ido embora, se tivesse sido honesto. Ao invés, ele permaneceu com Jesus. Permaneceu não por causa da fé, nem por amor, mas com a intenção secreta de se vingar do Mestre. Por quê? Porque Judas se sentia traído por Jesus, e decidiu que, por sua vez, iria traí-lo. Judas era um zelota, e queria um Messias vencedor, para guiar uma revolta contra os romanos. Jesus tinha decepcionado essas expectativas. O problema é que Judas não foi embora, e a sua culpa mais grave foi a falsidade, que é a marca do diabo. É por isso que Jesus disse aos Doze: "Um de vós é um diabo" (João 6,70). Oremos à Virgem Maria, para que nos ajude a crer em Jesus, como São Pedro, e a serrmos sempre sinceros com Ele e com todos.

domingo, 26 de agosto de 2012

Transverberação do Coração de Santa Teresa de Jesus! 26-08

«Eu vim lançar o fogo à terra e só quero que ele se ateie» (Lc 12, 49). Este fogo é o amor de Deus que em Santa Madre Teresa de Jesus,  foi derramado com tal abundância que abrasou o seu coração. A transverberação é a manifestação da força do amor de Deus aceite, desejado e vivido pela Santa no seu matrimônio espiritual. Este fenômeno místico é-nos explicado por S. João da Cruz (cf. Ofício de Leitura) e apresentado no seu significado eclesial pelos textos da liturgia.

"Via um anjo ao pé de mim, para o lado esquerdo, em forma corporal, o que não costumo ver senão por maravilha. Ainda que muitas vezes se me representam anjos, é sem os ver...
Nesta visão quis o Senhor que o visse assim: não era grande mas pequeno, formoso em extremo, o rosto tão incendido, que parecia dos anjos mais sublimes que parecem todos se abrasam. Devem ser os que chamam Querubins, que os nomes não me dizem, mas bem vejo que no Céu há tanta diferença duns anjos a outros e destes outros a outros, que não o saberia dizer.

Via-lhe nas mãos um dardo de ouro comprido e, no fim da ponta de ferro, me parecia que tinha um pouco de fogo. Parecia-me tocar-me este dardo no coração algumas vezes e que me chegava às entranhas. Ao tirá-lo, dir-se-ia que as levava consigo, e me deixava toda abrasada em grande amor de Deus.
Era tão intensa a dor, que me fazia dar aqueles queixumes e tão excessiva a suavidade que me causava esta grandíssima dor, que não se pode desejar que se tire, nem a alma se contenta com menos de que com Deus. Não é dor corporal mas espiritual, embora o corpo não deixa de ter a sua parte, e até muita. É um requebro tão suave que têm entre si a alma e Deus, que suplico à Sua Bondade que conceda esta mesma graça a quem pensar que minto." (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, cap. 29, 13).

Senhor, que abrasastes Santa Teresa de Jesus, nossa Mãe, com o fogo do vosso amor e a fortalecestes para os grandes empreendimentos realizados em vosso nome, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de experimentar a força do vosso amor, que nos move a trabalhar generosamente pelo vosso reino. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém. 

sábado, 25 de agosto de 2012

Beata Maria de Jesus Crucificado, OCD. Rogai por nós!! 25-08

Galileia: a infância

Mariam Baouardy nasceu a 5 de Janeiro de 1846, em Ibillin, numa pequena aldeia da Galileia, entre Nazaré e Haifa, numa família de rito greco-católico. Seus pais perdem um após outro os doze filhos, sendo todos eles ainda muito pequenos. Em sua profunda dor e confiança em Deus, decidiram então fazer uma peregrinação a Belém para rezar na Gruta da Natividade e pedir a graça de uma filha. É assim que Mariam veio ao mundo, no ano seguinte nasce seu irmão Boulos.
Mas, Mariam não tinha ainda 3 anos quando seu pai morre confiando-a à fiel custódia de São José. Alguns dias mais tarde morre sua mãe. É assim que Boulos é adoptado por uma tia e Mariam por um tio de boa condição social.
De seus anos de infância na Galileia, guarda na memória, o maravilhar-se diante da beleza da Criação, da luz, das paisagens de onde tudo lhe fala de Deus e do sentimento, muito forte, de que “tudo passa”.
Uma experiência de criança é decisiva para sua vida futura: brinca com dois pequenos passarinhos e quer dar-lhe um banho… mas eles não resistem e morrem entre suas mãos. Triste, ouve então interiormente estas palavras: "Vês? É assim que tudo passa, mas se queres dar-me teu coração, Eu ficarei para sempre contigo”.
Aos 8 anos faz sua primeira comunhão. Pouco depois seu tio parte para Alexandria com toda a família.

No Egito: Alexandria e o martírio

Mariam tem 12 anos quando sabe que seu tio quer casá-la. Decidida a dar-se totalmente a Deus, ela recusa a proposta. Tratam de persuadi-la e ameaçam-na. Nem as humilhações, nem os maus tratos puderam fazer mudar sua decisão. Após três meses, ela visita um velho criado da casa de seu tio, para enviar uma carta a seu irmão que vive na Galileia para que venha ajudá-la. Ouvindo a narração de seus sofrimentos, o criado que era muçulmano, exorta-a a converter-se ao Islão. Mariam recusa. Encolerizado, o homem pega numa espada e corta-lhe a garganta, abandonando-a logo de seguida numa rua escura. Era dia 8 de Setembro.
Mas a sua hora não havia chegado, e ela acorda numa gruta, ao lado de uma jovem que parecia ser uma religiosa. Durante quatro semanas, ela cuida, alimenta e instrui Mariam. Depois de estar curada, aquela que mais tarde ela revelará ser a Virgem Maria, leva-a a uma igreja.
Desde esse dia, Mariam irá de cidade em cidade (Alexandria, Jerusalém, Beirute, Marselha…), como doméstica, elegendo preferencialmente as famílias pobres, ajudando-as, mas deixando-as quando elas a honram demasiado.
Mas, ela irá ser também de maneira particular, testemunho desse “universo invisível”. Esse universo que nós cremos sem vê-lo e que ela experimentou duma maneira muito forte.

Em Marselha: as Irmãs de São José

Em 1865 Mariam encontra-se em Marselha. Entra em contacto com as Irmãs de São José da Aparição. Tem 19 anos, mas só parece ter 12 ou 13. Fala mal o francês e possui uma saúde frágil, de todos modos é admitida ao noviciado e sua alegria é enorme por poder entregar-se assim a Deus. Sempre disposta aos trabalhos mais pesados, ela passa a maior parte de seu tempo lavando ou na cozinha. Mas, dois dias por semanas revive a Paixão de Jesus, recebe os estigmas (que na sua simplicidade crê ser uma enfermidade) e começam a manifestar-se toda a classe de graças extraordinárias. Algumas irmãs ficam desconcertadas com o que se passa com ela, e ao final de 2 anos de noviciado, não é admitida na Congregação. É assim que um conjunto de circunstâncias a levam até ao Carmelo de Pau.

O Carmelo de Pau

É recebida em Junho de 1867. Ali, no meio de todas as provas que terá de atravessar, encontrará sempre o amor e a compreensão. Ingressa de novo no noviciado, donde recebe o nome de Irmã Maria de Jesus Crucificado. Insiste em ser admitida como ‘irmã conversa’, pois gosta mais do serviço aos outros, tendo por outro lado dificuldades de leitura, nomeadamente na recitação do Oficio Divino. Sua simplicidade e sua generosidade conquistam os corações de todos. Suas palavras proferidas depois de um êxtase são o fruto de sua vida: "Onde está a caridade ali também está Deus. Se pensais em fazer o bem a vosso irmão, Deus pensará em vós. Se cavais um poço para vosso irmão, caíreis nele; o poço será para vós. Mas, se fazeis um céu para vosso irmão, esse céu será para vós…”.
Dom da profecia, ataques do demónio ou êxtases… entre todas as graças divinas das quais está colmada, ela sabe, de maneira muito profunda, ser ‘nada’ diante de Deus, e quando fala dela mesma se chama "o pequeno nada", é realmente a expressão profunda de seu ser. É o que a faz penetrar a insondável profundidade da misericórdia divina onde ela encontra a sua alegria, suas delicias e a sua vida… “A humildade é feliz de ser nada, ela não se apega a nada, ela não se cansa nunca de nada. Está contente, é feliz, donde quer que esteja é feliz, está satisfeita com tudo… Felizes os pequenos!”. Ali está a fonte de seu abandono entre graças mais estranhas e os acontecimentos humanos mais desconcertantes.

A fundação do Carmelo de Mangalore na Índia

Após 3 anos, em 1870, parte com um pequeno grupo de irmãs para fundar o primeiro mosteiro de carmelitas na Índia, em Mangalore. A viagem de barco foi uma aventura e três religiosas morrem antes de chegarem. De todos modos, são enviados reforços, e em finais de 1870 pode-se iniciar a vida claustral. Suas experiências extraordinárias continuam sem impedir-lhe a realização dos trabalhos mais pesados e de dar atenção aos problemas inerentes a uma nova fundação. Durante seus êxtases, as irmãs às vezes podiam ver seu rosto resplandecente na cozinha ou noutro local. Participa em espírito nos acontecimentos da igreja, por exemplo, nas perseguições na China e também parece ser possuída exteriormente pelo demónio, fazendo-lhe viver terríveis tormentos e combates. Foi o começo de muitas incompreensões na sua comunidade, onde duvidaram da autenticidade do que ela vivia. Não obstante, pôde emitir seus votos no final do noviciado a 21 de Novembro de 1871; mas as tensões criadas em seu redor acabaram por provocar o seu regresso ao Carmelo de Pau em 1872.

O regresso a Pau

Naquele lugar leva de novo a sua vida simples de ‘irmã conversa’ no meio do carinho de suas irmãs, e sua alma dilata-se. Durante alguns
êxtases, ela que é quase analfabeta, profere repentinamente em exultação de gratidão até Deus, poesias duma grande beleza, cheias de encanto e candor oriental, onde a criação inteira canta ao seu Criador. Pelo ímpeto de sua alma até Deus, ela elevar-se-á até ao cima de um árvore sobre uma rama que não suportaria nem sequer uma pequenina ave. “Todo o mundo dorme. E Deus, tão repleto de bondade, tão grande, tão digno de louvores, é esquecido!… Ninguém pensa Nele!
Vede, toda a natureza O louva, o céu, as estrelas, as árvores, as ervas, tudo O louva; o homem, que conhece os seus benefícios, que deveria louvá-Lo, dorme!… Vamos, vamos despertar o universo!”
São numerosos os que procuram Mariam para consolo, conselhos, para que reze pelas suas intenções, partem iluminados e fortificados com este encontro.

A fundação do Carmelo de Belém

Pouco depois de seu regresso de Mangalore, ela começa a falar da fundação de um Carmelo em Belém. Os obstáculos são numerosos, mas dissipam-se progressivamente, incluso de maneira inesperada. Por fim a autorização é dada por Roma e a 20 de Agosto de 1875 um pequeno grupo de carmelitas embarca para esta aventura. O Senhor mesmo guia Mariam na escolha do local e na forma de construção de novo Carmelo. Como ela é a única que fala árabe, encarrega-se particularmente de seguir os trabalhos, “imersa na areia e na cal”. A comunidade instalar-se-á no dia 21 de Novembro de 1876, enquanto que certos trabalhos continuam.
Prepara também a fundação de um Carmelo em Nazaré, viajando até lá para comprar o terreno, em Agosto de 1878. Durante essa viagem é lhe revelado por Deus o lugar de Emaús. Ela pede a ajuda de Berthe Dartigaux para comprá-lo para o Carmelo.
De volta a Belém, retoma a vigilância dos trabalhos debaixo de um calor sufocante. Quando leva algo para beber aos trabalhadores, Mariam cai de uma escada e parte um braço. A gangrena vai avançar muito rapidamente e morre poucos dias depois, a 26 de agosto de 1878, aos 32 anos. Ela é beatificada a 13 de Novembro de 1983 pelo Papa João Paulo II.

Mariam e o Espírito Santo

Mariam, descobre-nos este mundo invisível tão perto de nós e que é todo misericórdia. Ela ensina-nos a investir toda a nossa vida “naquele que nunca passa”, o que realmente importa, Deus. A luta contra todas as forças do mal ainda está a decorrer. Beata Mariam é conhecida por muitos como “Patrona da Paz” para a Terra Santa, é para nós um estímulo deixar-nos transfigurar pelo Senhor a fim de converter-nos nós mesmos em artesãos desta transfiguração do mundo pela graça de Deus. Testemunho de um mundo já transfigurado, Mariam conduz-nos a esse primeiro dia da Criação, onde o Céu e a Terra ainda não foram separados, onde só há luz e trevas: esse dia Um, reflexo da Unidade divina, donde tudo resplandece desta Unidade.
E justamente, Mariam sente-se atraída de modo particular pelo Espírito Santo, este Espírito que pairava sobre as águas no principio da Criação. É este Espírito Santo que ela quer-nos entregar como herança, já que quando Ele vem tomar o lugar do nosso “eu” transfigura cada coisa, “cria de novo” (Isaías): “Dirigi-vos ao Espírito Santo que inspira tudo”.
“O ‘eu’ é aquele que perde o mundo. Os que têem o “eu” carregam a tristeza e a angústia com eles. Não se pode ter Deus e o mundo ao mesmo tempo. Aquele que não tem o “eu” tem todas as virtudes e a paz e a alegria". Mas com o Espírito Santo, mesmo com “uma gota” só, tudo és possível: “Fonte de paz, de luz, vem iluminar-me; eu sou ignorante, vem ensinar-me… Os discípulos eram muito ignorantes, eles estavam com Jesus e não O compreendiam… Quando lhe deste o raio de luz, os discípulos desapareceram, eles já não eram como foram, a sua força foi renovada…

Espírito Santo, Eu abandono-me a Vós.”
Espírito Santo
Espírito Santo, inspirai-me.
Amor de Deus, consumi-me.
Ao verdadeiro caminho, conduz-me.
Maria, Minha Mãe, olhai por mim,
Com Jesus, bendiga-me;
De todo mal, de toda a ilusão,
De todo o perigo, protege-me.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Parabéns Rosângela!!! 22-08

ROSÂNGELA MARIA DE JESUS EUCARÍSTICO, OCDS

Nossa Comunidade se alegra com o dom da sua vida, receba nossa gratidão por todas as formações que você partilhou conosco e por ser sempre tão solícita quando precisamos!! Desejamos a você, saúde, paz, alegria e que em especial Jesus Eucarístico seja seu Eterno e Doce Hóspede!!!! Nossa Mãe Maria Santíssima lhe conduza sempre!

Com amor e orações,
Comunidade Rainha do Carmelo

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Jesus não era um Messias como eles queriam!!

Palavras de Bento XVI ao começar a oração do Ângelus
VATICANO, domingo, 19 de agosto de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir as palavras que o Santo Padre Bento XVI proferiu hoje na tradicional oração do Angelus.
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Queridos irmãos e irmãs!

O Evangelho deste domingo (cf. Jo 6, 51-58) é a parte final e principal do discurso feito por Jesus na sinagoga de Cafarnaum, depois de no dia anterior ter alimentado milhares de pessoas com apenas cinco pães e dois peixes. Jesus revela o significado deste milagre, ou seja, que o tempo das promessas foi cumprido: Deus Pai, que com o maná tinha alimentado os israelitas no deserto, agora o enviou, o Filho, como verdadeiro Pão de vida, e este pão é a sua carne, a sua vida, oferecida em sacrifício por nós. Trata-se, portanto, de acolhê-lo com fé, não escandalizando-se da sua humanidade; e trata-se de "comer a sua carne e beber o seu sangue" (cf. Jo 6, 54), para ter em si mesmos a plenitude da vida. É evidente que este discurso não teve a intenção de atrair consensos. Jesus sabe disso e o pronuncia intencionalmente; e de fato aquele foi um momento crítico, uma reviravolta na sua missão pública. As pessoas, e os mesmos discípulos, estavam entusiasmados por Ele quando cumpria sinais prodigiosos; e também a multiplicação dos pães e foi uma clara revelação de que Ele era o Messias, tanto que, logo após, a multidão quis elevar Jesus e fazê-lo rei de Israel. Mas essa não era a vontade de Jesus, que justamente com aquele longo discurso freia os entusiasmos e provoca muitas discordâncias. Ele, de fato, explicando a imagem do pão, diz ter sido enviado a oferecer a sua própria vida, e quem quiser segui-lo deve unir-se a Ele de modo pessoal e profundo, participando do seu sacrifício de amor. É por isso que Jesus vai instituir o Sacramento da Eucaristia: para que os seus discípulos possam ter em si mesmos a sua caridade - isto é crucial - e, como um único corpo unido a ele, estender no mundo o seu mistério de salvação.
Ouvindo este discurso a multidão entendeu que Jesus não era um Messias como eles queriam, que aspirasse a um trono terreno. Ele não buscava aprovação para conquistar Jerusalém; na verdade, queria ir a Cidade Santa para compartilhar a sorte dos profetas: dar a vida por Deus e pelo povo. Aqueles pães, partidos para milhares de pessoas, não queriam provocar uma marcha triunfal, mas antecipar o anúncio do sacrifício da Cruz, no qual Jesus se torna Pão, corpo e sangue oferecidos em expiação. Jesus, então, deu aquele discurso para desiludir as multidões e, acima de tudo, para provocar uma decisão em seus discípulos. De fato, muitos destes, desde então, não o seguiram mais.
Queridos amigos, nos deixemos também surpreender pelas palavras de Cristo: Ele, grão de trigo lançado nos sulcos da história, é a primícia da humanidade nova, livre da corrupção do pecado e da morte. E voltemos a descobrir a beleza do Sacramento da Eucaristia, que expressa toda a humildade e a santidade de Deus: o seu fazer-se pequeno, Deus se faz pequeno, fragmento do universo para reconciliar todos no seu amor. Que a Virgem Maria, que deu ao mundo o Pão da vida, nos ensine a viver sempre em união profunda com Ele.

Festa no Carmelo!!

É com imensa alegria e gratidão que estamos para celebrar os:


e queremos convidar aos Amigos do Carmelo
para celebrar conosco este dia de Ação de Graças, agradecendo a Deus todo o empenho e dedicação de Santa Madre Teresa de Jesus, no empreendimento de tão grande obra!

Muito nos alegrará a sua presença em nosso mosteiro no dia

24 de agosto de 2012, às 8hs da manhã.

A celebração Eucaristica será presidida por Mons. João Jorge - vigario Geral de nossa Arquidiocese de Fortaleza.

Um grande abraço, que que as graças do Bom Deus estejam sempre em suas vidas!

Suas Irmãs Carmelitas de Fortaleza

sábado, 18 de agosto de 2012

Beatos João Batista Duverneuil, Miguel Luís Brulard e Tiago Gagnot, OCD. Rogai por nós! 18-08

Na enseada de Rochefort, diocese de La Rochelle (França), morreram amontoados em dois navios 547 sacerdotes e religiosos durante a Revolução Francesa. Entre eles estavam pelo menos três carmelitas descalços: Frei João Batista Duverneuil, nascido em Limoges em 1759 e que morreu, por padecimentos e doenças, no dia 1º de julho de 1794; Frei Miguel Luiz Brulard, nascido em Chartres no dia 25 de julho de 1758 que sucumbiu no dia 25 de julho daquele mesmo ano; e frei Tiago Gagnot, nascido em Frolois em 1753 e que morreu no dia 10 de setembro também em 1794. O amor incondicional a Cristo, o apego e a fidelidade à Igreja, a compaixão para com todos, o perdão aos próprios perseguidores foram os traços comuns destes filhos de santa Teresa, beatificados no dia 1º de outubro de 1995, juntamente com outros 61 mártires mortos na mesma circunstância.
Na sua fidelidade a Deus, à Igreja e ao Papa, eles se recusaram a prestar juramento à Constituição Civil do Clero imposta pela Assembléia Constituinte da Revolução. Como resultado eles foram presos e mantidos em um navio, esperando, em vão, que fossem deportados como escravos para colônias francesas no exterior. Foi no ano de 1794. Fr. João e Fr. Miguel morreram de peste dentro do navio, no dia 25 de julho. Fr. Tiago morreu na ilha de Madame, onde está sepultado, no dia 10 de setembro. Durante o tempo em que estavam presos, sofrendo por meses todo o tipo de provação, demonstraram, junto com todos os outros mártires, a paciência diante da crueldade. Quando encarcerados, os nossos frades ajudaram a elaborar algumas resoluções para o ânimo de quem lá estava, às quais foram fiéis até à morte. Durante o encarceramento que os levou à morte, os frades, juntamente com os outros sacerdotes presentes, tomaram resoluções sobre como comportariam-se naquela situação, mantendo-se firmes e aproveitando "o cárcere de seus corpos para a lucrar a liberdade de suas almas", orando pelo bem do futuro do seu povo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Beata Maria do Sacrário, OCD. Rogai por nós!! 16-08

Beata Maria Sacrário
Virgem e Mártir OCD

Maria Sacrário de São Luís Gonzaga nasceu em Lillo, Província de Toledo, Espanha, no dia 8 de janeiro de 1881. Fez o curso de Farmácia, sendo uma das primeiras mulheres que alcançaram o título na Espanha.
Em 1915, entrou no mosteiro das Carmelitas Descalças de Santa Ana e São José de Madri, demonstrando ser uma mulher de “caráter forte e enérgico, capaz de levar até ao fim os mais altos ideais de santidade”, como foi testemunhado pela sua Mestra de noviças.
No início de julho de 1936, Madre Maria Sacrário foi de novo eleita Priora da comunidade, e após alguns dias o Carmelo foi assaltado por uma multidão violenta que saqueou e destruiu muitas coisas.
No dia 14 de agosto desse mesmo ano, os soldados levaram a Madre prisioneira. No dia 15 de agosto ela foi fuzilada, concretizando-se assim o seu desejo de morrer mártir por Cristo, imolando-se pelo bem da Igreja.
Das cartas e escritos da Beata Maria Sacrário de São Luis Gonzaga:

Jesus reine sempre em meu coração. O Senhor pede-me que seja humilde, que chore meus pecados, que ame muito minhas irmãs, que não as mortifique em nada, nem eu me mortifique por nada, que viva bem recolhida Nele, sem vontade própria, completamente abandonada à sua divina vontade. Neste vale de lágrimas não podem faltar sofrimentos e temos de estar contentes por poder oferecer algo ao nosso amantíssimo Jesus, que tato quis sofrer por amor a nós. O caminho da cruz é o que sempre devemos desejar; que o Senhor não permita que eu me separe de sua divina vontade.
Bendito seja Deus que nos dá estes trabalhos para que os ofereçamos por amor a Ele! Em breve chegará o dia em que nos alegraremos por tê-los sofrido. Enquanto isso, sejamos generosas, sofrendo tudo, se não o pudermos com alegria, ao menos com muita conformidade à divina vontade de que tanto padeceu por amor a nós; pois por grandes que sejam nossos sofrimentos, nunca chegarão ao seus.
Se quiseres ser perfeita, procures ser por primeiro muito humilde no pensamento, palavra, obras e desejos, pensa bem o que isto quer dizer e trabalha com fervor para conseguí-lo. Mantém sempre o olhar em nosso amantíssimo Jesus, perguntando-Lhe no íntimo de teu coração o que quer de ti, e não lho negues nunca, ainda que tenhas que fazer muita violência à tua natureza.
Bendito seja quem proporciona tudo para o nosso bem! Tendo a Ele, tudo teremos.

ENCONTRO DOS DEVOTOS DO ESCAPULÁRIO. 16-08-12

Nos reunimos para nosso momento devocional na Ermida de São José, Carmelo Santa Teresinha, para juntos rezarmos e homenagear Nossa Mãe e Rainha do Carmelo

A palestra teve como tema: "MARIA E A VIRTUDE DA VIGILÂNCIA", e foi explicada por Giovani da Comunidade Rainha do Carmelo

    Carmelitas seculares e devotos do escapulário atentos às explicações.
    Ana Stela, da Comunidade São José de Santa Teresa, conduz a oração da Coroa de Nossa Senhora, onde colocamos nossas intenções e em especial, pedimos à Nossa Mãe do Céu a graça dessa grande virtude da vigilância, a modelo das Virgens Prudentes.
"Senhor, fazei que a Vossa Igreja seja, na caridade, um só coração e uma só alma, e que todos os fiéis perseverem unânimes na oração com Maria, Vossa Mãe."
"MEU IMACULADO CORAÇÃO TRIUNFARÁ!!"

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Vocação à Família!


RIO DE JANEIRO, segunda-feira, 13 de agosto de 2012 (ZENIT.org) - Vocação é um chamado. Exige uma resposta. Na vida cristã, a vocação à família é um dom inestimável. A família é o berço de todas as outras vocações. A família é o lugar onde se desenvolvem nos seres humanos os seus relacionamentos mais significativos e especiais. É instituição divina desde a criação do mundo. "Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher e os dois já não serão mais duas, mas uma só carne". A união entre o homem e a mulher é fundamental e querida por Deus. Os filhos são a bênção do casamento, que trás em seu bojo os sinais da fidelidade, da fecundidade e da eternidade.
Os sagrados laços do matrimônio despertam no homem e na mulher a vocação ao amor, dada por Deus mesmo a todo ser humano. Ele que é amor nos mandou amar como Ele mesmo. Criados à sua imagem e semelhança não poderia, de fato, ser diferente. O parágrafo 1604 do Catecismo da Igreja Católica chama nossa atenção para este dado importante do amor: "Deus que criou o homem por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata do ser humano. Pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é amor. Tendo-os Deus criado homem e mulher, seu amor mútuo se torna uma imagem do amor absoluto e indefectível de Deus pelo homem. Esse amor é bom, muito bom, aos olhos do criador, que é amor. E esse amor abençoado por Deus é destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum de preservação da criação: "Deus os abençoou e disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28)".
Que o homem e a mulher foram criados um para o outro não se discute. Assim é afirmado na Sagrada Escritura: "não é bom que o homem esteja só". Daí o Senhor lhe faz uma companheira semelhante: "carne de sua carne, ossos de seus ossos".
O matrimônio é a caracterização do início de uma nova família. Já não são mais dois, mas uma só carne. Além de ser uma instituição divina é também de índole natural. A união entre o homem e a mulher garante as gerações da prole ao longo dos anos. O Matrimônio é, portanto, uma aliança onde homem e mulher se unem pela vida toda, tendo em vista o bem de ambos e a geração e educação dos filhos. Foi o próprio Jesus que elevou esta união à dignidade de sacramento.
Muitas ameaças do mundo moderno hoje colocam em questão o verdadeiro sentido do matrimônio. Precisamos sempre mais resgatar o valor da família. O Beato Papa João Paulo II chama a família de "santuário da vida". Ao longo de todos os séculos a Igreja sempre trabalhou e zelou pela promoção da família e de seus valores. Afinal, ela tem consciência de que esta é de fundamental importância para o bem-estar de toda a humanidade. Quanto mais nossas famílias se estruturarem devidamente e sobre os alicerces da fé e da verdade, mais o mundo tomará consciência de sua verdadeira identidade e missão. O Concílio Vaticano II, no documento Gaudium et spes, ressalta que "a salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal e familiar".
A família é a vocação natural dos seres humanos. As demais vocações são específicas e especiais e não poderiam existir não fossem famílias generosas a oferecer seus membros em vista de um bem comum. A família não exprime sua importância apenas entre seus membros, mas suas atitudes refletem sobre a sociedade como um todo, sem dúvida. Daí a afirmação do Concílio da necessidade da família na salvação de toda a humanidade.
No sacramento do matrimônio os noivos se aceitam um ao outro, unindo-se à oferenda de Cristo à sua Igreja. Assim como Cristo amou a Igreja, os cônjuges devem se amar também. São os esposos que se conferem mutuamente o sacramento, expressando diante de toda a Igreja ali reunida o seu consentimento. O sacerdote testemunha o consentimento que é dado um ao outro. A bênção sacramental é importante na celebração. O Catecismo da Igreja Católica no §1624 ressalta este aspecto de modo claríssimo: "as diversas liturgias são ricas em orações de bênção sobre o novo casal, especialmente sobre a esposa. Na epiclese deste sacramento, os esposos recebem o Espírito Santo como comunhão de amor de Cristo e da Igreja. É ele o selo de sua aliança, a fonte que incessantemente oferece seu amor, a força em que se renovará a fidelidade dos esposos. Toda esta configuração do sacramento está para confirmar e ressaltar que o matrimônio não é uma celebração exclusiva ou particular, mas um ato eclesial: isto se manifesta claramente na presença do ministro da Igreja, bem como dos presentes, as testemunhas. O casamento é um ato litúrgico, cria direitos e deveres na Igreja, entre esposos e filhos; é um estado de vida na comunidade de fé e sua celebração tem caráter público.
Uma vez que os noivos se deram em casamento está constituída a nova família. Os filhos são frutos desse amor. O sacramento é o selo de Deus na vida do casal. Jamais pode ser dissolvido. Uma especial graça concedida ao casal é a graça que é o próprio Cristo: na união conjugal um deve ajudar o outro a se santificar, estando sempre unidos um ao outro e na aceitação e educação dos filhos. O amor que os une deve ser delicado e fecundo, sincero e firmado no temor de Deus.
O amor conjugal exige a indissolubilidade, a fidelidade e a fecundidade. Sinaliza o amor de Cristo com sua Igreja. Este amor é indissolúvel, pois nada pode romper, nenhuma miséria humana e nenhuma outra situação seria capaz de dissolver este amor; é fiel, porque dura de geração em geração, mesmo se a humanidade, no mal uso de sua liberdade, afastar-se de Deus e de seus santos ensinamentos; e fecundo, porque, como na vida do casal os filhos são frutos do seu amor, na Igreja Cristo oferece a vida aos que renasceram na água do batismo e com ele foram sepultados e irromperam tão logo vitoriosos e ressuscitados.
Jesus nasceu em uma família: a sagrada família de Nazaré. Filho de Maria e José. A igreja é a família de Deus. Nela todos são chamados a servir ao Deus vivo e verdadeiro: "Crê no Senhor Jesus e serão salvos tu e os de tua família". Nosso tempo urge que as famílias se convertam na fé e animem o mundo com a força que vem do próprio Deus. Ainda o Catecismo da Igreja Católica, no § 1656, ressalta esta necessidade: "Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial como lares de fé viva e radiante. Por isso, o Concílio Vaticano II chama a família usando uma expressão antiga, de "igreja doméstica". É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e exemplo, os primeiros mestres da fé. E favoreçam a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada".
O lar da família é o espaço privilegiado da educação, do cuidado e da ternura; é a escola da vida e da fé. Os pais são, portanto, o primeiro catequista de seus filhos. Cabe-lhes introduzir sua prole no caminho cristão e acompanhar todo o seu desenvolvimento nas diversas etapas do caminho da fé. É lá, também, o celeiro de vocações e de um suficiente e necessário desenvolvimento e enriquecimento da pessoa humana. As melhores e mais importantes lições vêm de casa. Ninguém deve estar privado da família. Assim também nossas igrejas, comunidades paroquiais devem ser casa e família para todos, especialmente para os mais cansados, excluídos e enfraquecidos. Seguindo a orientação de São Paulo, na carta aos Efésios, que os maridos amem suas esposas como Cristo amou a Igreja. Grandioso mistério de amor de um Deus que se revela e se deixa conhecer.
“Que a família comece e termine sabendo onde vai, que o homem carregue nos ombros a graça de um pai; que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor e que os filhos conheçam a força que brota do amor” (Pe. Zezinho)!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Cristo é o alimento que sacia para a vida toda!


As palavras de Bento XVI ao recitar o Angelus
CASTEL GANDOLFO, domingo, 12 de agosto de 2012(ZENIT.org)- Apresentamos as palavras de Bento XVI aos presentes no pátio de sua residência em Castel Gandolfo para a tradicional oração do Angelus.

Queridos irmãos e irmãs!

A leitura do 6° capítulo do Evangelho de João, que nos acompanha nestes domingos na Liturgia, nos conduziu a refletir sobre a multiplicação dos pães, com a qual o Senhor matou a fome de uma multidão de cinquenta homens, e sobre o convite que Jesus dirige àqueles que foram saciados a fazer algo por um alimento que permanece pela vida toda. Jesus quer ajudá-los a compreender o significado profundo do prodígio que Ele realizou: no saciar de maneira milagrosa a fome física deles, os dispõe a acolher o anuncio que Ele é o pão descido do céu (cfr. Jô 6,41), que sacia de modo definitivo.
O povo hebreu também, durante o longo caminho no deserto, havia experimentado um pão descido do céu, o maná, que o manteve vivo, até a chegada à terra prometida. Agora, Jesus fala de si como o verdadeiro pão descido do céu, capaz de manter vivo não por um momento ou por um pedaço do caminho, mas para sempre. Ele é o alimento que dá a vida eterna, porque é o Filho unigênito de Deus, que está no seio do Pai, que veio para dar ao homem a vida em plenitude, para introduzir o homem na mesma vida de Deus.
No pensamento judaico era claro que o verdadeiro pão do céu, que nutria Israel era a Lei, a palavra de Deus. O povo de Israel reconhecia claramente que a Torá era o dom fundamental e duradouro de Moisés e que o elemento basilar que o distinguia em relação a outros povos consistia em conhecer a vontade de Deus e, portanto, o caminho certo da vida. Agora, Jesus, ao se manifestar como o pão do céu, testemunha que Ele é a Palavra de Deus em Pessoa, o Verbo encarnado, pelo qual o homem pode fazer a vontade de Deus o seu alimento (cfr. Jo 4, 34), que orienta e apoia a sua existência.
Duvidar então da divindade de Jesus, como fazem os Judeus na passagem evangélica de hoje, significa opor-se à obra de Deus. Estes, de fato, afirmam: é o filho de José! Dele conhecemos o pai e a mãe (cfr. Jo 6,42). Eles não vão além de sua origem terrena, e por isso se negam a acolhê-Lo como Palavra de Deus feita carne. Santo Agostinho, em seu Comentário ao Evangelho de João, explica: “estavam longe daquele pão celeste, e eram incapazes de sentir fome. Tinham a boca do coração doente... De fato, este pão requer a fome do homem interior” (26,1). E devemos nos perguntar se realmente sentimos esta fome, a fome da Palavra de Deus, a fome de conhecer o verdadeiro sentido da vida. Somente quem é atraído por Deus Pai, quem o escuta e se deixa instruir por Ele pode crer em Jesus, encontrá-lo e nutrir-se dele e assim encontrar a verdadeira vida, a estrada da vida, a justiça, a verdade, o amor. Santo Agostinho acrescenta: “o Senhor... afirmou ser o pão descido do céu, exortando-nos a acreditar nele. Comer o pão vivo, de fato, significa acreditar nele. E quem crê, come; de maneira invisível é saciado, como de maneira também invisível renasce (a uma vida mais profunda, mais verdadeira), renasce de dentro, no seu íntimo se torna um homem novo”.(ibidem)
Invocando Maria Santíssima, peçamos para guiar-nos ao encontro com Jesus para que nossa amizade com Ele seja sempre mais intensa, peçamos para introduzir-nos na plena comunhão de amor com o seu Filho, o pão vivo que desceu do céu, para assim sermos por Ele renovados no íntimo do nosso ser.

(Após o Angelus)
Queridos irmãos e irmãs,
O meu pensamento vai, neste momento, às populações asiáticas, especialmente das Filipinas e da República Popular da China, fortemente atingidas por chuvas violentas, também àqueles do noroeste do Iran, atingidos por um violento terremoto. Estes eventos provocaram numerosas vítimas e feridos, milhares de desabrigados e muitos danos. Convido-os a unirem-se à minha oração pelos que perderam a vida e por todas as pessoas provadas por tão devastadoras calamidades. Não falte a estes irmãos a nossa solidariedade e o nosso apoio.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Quem se ama a si mesmo, perde-se. Quem se despreza a si mesmo, neste mundo, assegura para si a vida eterna!

Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermão 304

Na Igreja de Roma, o bem-aventurado Lourenço exercia as funções de diácono. Era ele que distribuía aos fiéis o Sangue sagrado de Cristo e foi aí que derramou o próprio sangue pelo nome de Cristo. [...] O apóstolo São João trouxe à luz o mistério da Ceia do Senhor quando disse: «Ele, Jesus, deu a Sua vida por nós; assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1Jo 3,16). São Lourenço compreendeu isso, meus irmãos, compreendeu-o e fê-lo; preparou esta oferenda para que fosse consumida nesta mesa. Amou a Cristo com a sua vida; e imitou-O na sua morte.
E nós, meus irmãos, se O amamos verdadeiramente, devemos imitá-Lo. A melhor prova que Lhe podemos dar do nosso amor é imitar os Seus exemplos: «Cristo também padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os Seus passos» (1Pe 2,21). [...] No jardim do Senhor há verdadeiramente todo o tipo de flores: não apenas as rosas dos mártires, mas também os lírios das virgens, a hera das pessoas casadas, as violetas das viúvas. Absolutamente nenhuma categoria de pessoas, meus bem-amados, deve desesperar da sua vocação: o Senhor sofreu por todos. [...] É pois preciso compreender como é que o cristão deve seguir Cristo sem derramar o seu sangue nem enfrentar os sofrimentos do martírio.
O apóstolo Paulo diz a respeito de Cristo Senhor: «Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus». Que majestade! «No entanto, esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-Se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-Se, identificado como homem» (Fl 2,6s). Como Cristo Se humilhou! Cristo humilhou-Se. Eis portanto, cristão, aquilo que está à tua disposição. «Tornando-Se obediente» (v. 8): então por que és orgulhoso? [...] Em seguida, depois de ter ido até ao fim do Seu rebaixamento e de ter derrubado a morte, Cristo subiu ao céu: sigamo-Lo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sumo-Sacerdote da Nova Aliança!

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
De «A Oração da Igreja» (1936)

A nossa alma é um templo de Deus e isso, só por si, abre-nos uma perspectiva vasta e completamente nova. A vida de oração de Jesus é a chave para compreendermos a oração da Igreja. [...] Cristo tomou parte no culto divino do Seu povo, levado a cabo publicamente no Templo e segundo as prescrições da Lei. [...] Ele estabeleceu a mais profunda ligação entre essa liturgia e a oferenda da Sua própria pessoa e, ao atribuir-lhe assim o seu verdadeiro e pleno significado de acção de graças da Criação para com o seu Criador, conduziu a liturgia da Antiga à sua realização na Nova Aliança.
Por outro lado, Jesus não tomou parte apenas no culto divino público prescrito pela Lei. Os evangelhos fazem referências ainda mais numerosas à Sua oração solitária, no silêncio da noite, no cimo das montanhas ou em lugares desertos (Mt 14,23; Mc 1,35; 6,46; Lc 5,16). Quarenta dias e quarenta noites de oração precederam a Sua vida pública (Mt 4,1-2). Retirou-Se para o silêncio da montanha antes de escolher os Seus Apóstolos (Lc 6,12) e de os enviar em missão. Na hora do Monte das Oliveiras, preparou a Sua subida ao Gólgota. O brado com que Se dirigiu ao Pai nessa mais penosa de todas as horas da Sua vida é-nos revelado em poucas palavras [...], palavras essas que são como que um relâmpago que por um instante ilumina e torna mais clara para nós a vida íntima da Sua alma, o insondável mistério do Seu ser de Homem-Deus e do Seu diálogo com o Pai.
Este diálogo durou toda a Sua vida, sem nunca sofrer qualquer interrupção. Jesus rezava interiormente, não só quando Se afastava das multidões, mas também quando Se encontrava entre as pessoas.

Santa Teresa Benedita da Cruz, OCD. Rogai por nós!!

Nascida Edith Stein, sua história é a de uma judia alemã que se tornou cristã, depois carmelita, antes de morrer numa câmara de gás em Auschwitz. Assim pode se resumir sua vida:
Nasceu em Breslau em 1891. Quando criança ela esperava, junto dos seus, à vinda do messias dos judeus. Durante a adolescência ela não demora a ser contagiada pelo ateísmo reinante então na sociedade, mas ela nunca negou sua pertença ao povo eleito. Nesse período ela revelou sua excepcional capacidade de especulação filosófica, tornando-se inclusive assistente do prestigioso filósofo mestre da fenomenologia: Edmund Husserl.
Aos 30 anos, após uma leitura fortuita da autobiografia de Santa Tereza de Ávila, sua vida muda consideravelmente e faz com que ela troque a sabedoria dos sábios pela sabedoria de Cristo.
 Dez anos mais tarde ela se torna religiosa no Carmelo de Colônia e toma o nome de Teresa Benedita da Cruz. Em seu nome resume-se o seu destino: a cruz será sua benção. Quando ela refugiou-se dos nazistas num convento holandês, foi preza como milhares de judeus em 1942 e levada a Auschwitz – lugar que também nos daria o mártir São Maximiliano Kolbe. Nesse macabro lugar ela foi martirizada.
Como uma humilde ovelha levada ao matadouro ela identificava-se assim ao sofrimento de seu povo e ao maior dentre eles: o servo sofredor Jesus Cristo. Também ela era a serva sofredora presa à cruz de Cristo.
João Paulo II a canonizou em 1998 e a declarou co-padroeira da Europa. Segue uma parte da homilia de canonização de Edith Stein em 11 de outubro:
"Enfim, a nova Santa ensina-nos que o amor a Cristo passa através da dor. Quem ama verdadeiramente, não se detém diante da perspectiva do sofrimento: aceita a comunhão na dor com a pessoa amada. Consciente do que comportava a sua origem judaica, Edith Stein pronunciou palavras eloquentes a este respeito: «Debaixo da cruz, compreendi a sorte do povo de Deus... Efetivamente, hoje conheço muito melhor o que significa ser a esposa do Senhor no sinal da Cruz. Mas dado que se trata de um mistério, isto jamais poderá ser compreendido somente com a razão». Pouco a pouco, o mistério da Cruz impregnou toda a sua vida, até a impelir rumo à oferta suprema. Como esposa na Cruz, a Irmã Teresa Benedita não escreveu apenas páginas profundas sobre a «ciência da cruz», mas percorreu até ao fim o caminho da escola da Cruz. Muitos dos nossos contemporâneos quereriam fazer com que a Cruz se calasse. Mas nada é mais eloquente que a Cruz que se quer silenciar! A verdadeira mensagem da dor é uma lição de amor. O amor torna o sofrimento fecundo e este aprofunda aquele. Através da experiência da Cruz, Edith Stein pôde abrir um caminho rumo a um novo encontro com o Deus de Abraão, Isaac e Jaco, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. A fé e a cruz revelaram-se-lhe inseparáveis. Amadurecida na escola da Cruz, ela descobriu as raízes às quais estava ligada a árvore da própria vida. Compreendeu que lhe era muito importante «ser filha do povo eleito e pertencer a Cristo não só espiritualmente, mas inclusive mediante um vínculo sanguíneo».

«Deus é espírito e aqueles que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4, 24). Caríssimos Irmãos e Irmãs, com estas palavras o divino Mestre entretém-se com a Samaritana junto do poço de Jaco. Quanto Ele deu à sua ocasional mas atenta interlocutora, encontramo-lo presente também na vida de Edith Stein, na sua «subida ao Monte Carmelo ». A profundidade do mistério divino tornou-se-lhe perceptível no silêncio da contemplação. Ao longo da sua existência, enquanto amadurecia no conhecimento de Deus adorando-O em espírito e verdade, ela experimentava cada vez mais claramente a sua específica vocação de subir à cruz juntamente com Cristo, de abraçá-la com serenidade e confiança, de amá-la seguindo as pegadas do seu dileto Esposo: hoje, Santa Teresa Benedita da Cruz é-nos indicada como modelo em que nos devemos inspirar e como protetora à qual havemos de recorrer. Dêmos graças a Deus por este dom. A nova Santa seja para nós um exemplo do nosso compromisso no serviço da liberdade e na nossa busca da verdade. O seu testemunho sirva para tornar cada vez mais sólida a ponte da recíproca compreensão entre judeus e cristãos. Santa Teresa Benedita da Cruz, ora por nós! Amém"
Sua mensagem é a da virgem prudente que soube preparar-se para encontrar o esposo Jesus Cristo. Que ela também nos ensine a ser fiel ao nosso seguimento e preparar-nos para servir ao Cristo e assemelharmo-nos a ele.

Algumas frases de Santa Teresa Benedita da Cruz:

“O que conhecemos de nós mesmos não é senão superfície. A profundidade permanece-nos em grande parte oculta. Só Deus a conhece.”

“Tudo depende do amor ,pois no fim é pelo amor que seremos julgados”

“O que vale a pena possuir, vale a pena esperar”

“Responder o chamado de Deus é sempre uma aventura, mas vale a pena correr o risco”

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Santo Alberto da Sicília, OCD. Rogai por nós!!

SANTO ALBERTO nasceu em Trápani - Sicília (Sul da Itália), no Século XIII (a data do nascimento é incerta), filho de Bento Abade e Joana Palizi (depois de 26 anos de um casamento sem filhos), que prometeram de consagrá-lo ao Senhor. Seus superiores o mandaram para Messina, por uma invasão de piratas: por sua oração alguns navios carregados de mantimentos conseguiram passar milagrosamente entre os assaltantes e chegaram até a cidade. Alberto pregou a palavra de Deus em vários lugares da Sícilia e foi provincial dos Carmelitas daquela ilha em 1296.
Morreu em Messina, no dia 7 de agosto (provavelmente em 1307). Conta-se que para o fim da polêmica entre o clero e o povo sobre qual missa celebrar em tal ocasião, apareceram dois anjos e entoaram o cântico da missa dos confessores.
Alberto foi um dos primeiros santos carmelitas venerado pela sua ordem; da qual, mais tarde, foi considerado patrono e protetor.
Em 1457 o Papa Calixto III permitiu o seu culto, confirmado mais tarde por Sixto IV (bula de 31/06/1476).
Sua imagem é representada tipicamente com um crucifixo entre dois ramos de lírio na mão direita. Outras vezes é representado com Menino Jesus entre os braços, enquanto esmaga o demônio sob os pés.
Santo Alberto é invocado contra as tempestades, para a cura das doenças (especialmente da garganta), nas carestias para exorcizar os pocessos e em outras aflições.

domingo, 5 de agosto de 2012

Nossa gratidão e amor por todos os Sacerdotes!!

Sigamos rezando pelos padres nesse mês vocacional!

“Quem recebeu vossa alma à sua entrada na vida? É o sacerdote. – Quem a sustenta para dar-lhe a força de fazer sua peregrinação? O sacerdote. – Quem há de prepará-la para se apresentar diante de Deus, purificando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. – “E se a alma morrer quem há de ressuscitá-la? Ainda o sacerdote. – Não há benefício alguma de que vos lembreis sem ver logo ao lado desta recordação a figura do sacerdote. – O sacerdote tem as chaves dos tesouros celestiais; é o procurador de Deus, é o ministrador de seus bens.” ( São João Maria Vianney)
 
"SE EU ENCONTRASSE UM PADRE E UM ANJO, EU CUMPRIMENTARIA PRIMEIRO O PADRE E DEPOIS O ANJO. O ANJO É AMIGO DE DEUS, MAS, O PADRE FAZ AS VEZES DE DEUS." ( Cura D'Ars )

Eu sou o pão da vida. Quem vem a Mim não mais terá fome!

Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«The Word To Be Spoken», cap. 6
Nas Escrituras, quando se fala da ternura de Deus pelo mundo, lemos que «tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o Seu Filho Unigénito» Jesus (Jo 3,16), para ser como nós e nos trazer a boa nova de que Deus é amor, de que Deus vos ama e me ama. Deus quer que nos amemos uns aos outros como Ele ama cada um de nós (cf Jo 13,34).
Sabemos todos, olhando a cruz, até onde Jesus nos amou. Quando olhamos a eucaristia, sabemos quanto nos ama agora. Foi por isso que Se fez «pão de vida» a fim de satisfazer a nossa fome do Seu amor; e depois, como se não bastasse, tornou-Se Ele próprio o faminto, o indigente, o sem abrigo, para que vós e eu pudéssemos satisfazer a Sua fome do nosso amor humano. Porque foi para isso que fomos criados, para amar e ser amados.