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sábado, 25 de agosto de 2012

Beata Maria de Jesus Crucificado, OCD. Rogai por nós!! 25-08

Galileia: a infância

Mariam Baouardy nasceu a 5 de Janeiro de 1846, em Ibillin, numa pequena aldeia da Galileia, entre Nazaré e Haifa, numa família de rito greco-católico. Seus pais perdem um após outro os doze filhos, sendo todos eles ainda muito pequenos. Em sua profunda dor e confiança em Deus, decidiram então fazer uma peregrinação a Belém para rezar na Gruta da Natividade e pedir a graça de uma filha. É assim que Mariam veio ao mundo, no ano seguinte nasce seu irmão Boulos.
Mas, Mariam não tinha ainda 3 anos quando seu pai morre confiando-a à fiel custódia de São José. Alguns dias mais tarde morre sua mãe. É assim que Boulos é adoptado por uma tia e Mariam por um tio de boa condição social.
De seus anos de infância na Galileia, guarda na memória, o maravilhar-se diante da beleza da Criação, da luz, das paisagens de onde tudo lhe fala de Deus e do sentimento, muito forte, de que “tudo passa”.
Uma experiência de criança é decisiva para sua vida futura: brinca com dois pequenos passarinhos e quer dar-lhe um banho… mas eles não resistem e morrem entre suas mãos. Triste, ouve então interiormente estas palavras: "Vês? É assim que tudo passa, mas se queres dar-me teu coração, Eu ficarei para sempre contigo”.
Aos 8 anos faz sua primeira comunhão. Pouco depois seu tio parte para Alexandria com toda a família.

No Egito: Alexandria e o martírio

Mariam tem 12 anos quando sabe que seu tio quer casá-la. Decidida a dar-se totalmente a Deus, ela recusa a proposta. Tratam de persuadi-la e ameaçam-na. Nem as humilhações, nem os maus tratos puderam fazer mudar sua decisão. Após três meses, ela visita um velho criado da casa de seu tio, para enviar uma carta a seu irmão que vive na Galileia para que venha ajudá-la. Ouvindo a narração de seus sofrimentos, o criado que era muçulmano, exorta-a a converter-se ao Islão. Mariam recusa. Encolerizado, o homem pega numa espada e corta-lhe a garganta, abandonando-a logo de seguida numa rua escura. Era dia 8 de Setembro.
Mas a sua hora não havia chegado, e ela acorda numa gruta, ao lado de uma jovem que parecia ser uma religiosa. Durante quatro semanas, ela cuida, alimenta e instrui Mariam. Depois de estar curada, aquela que mais tarde ela revelará ser a Virgem Maria, leva-a a uma igreja.
Desde esse dia, Mariam irá de cidade em cidade (Alexandria, Jerusalém, Beirute, Marselha…), como doméstica, elegendo preferencialmente as famílias pobres, ajudando-as, mas deixando-as quando elas a honram demasiado.
Mas, ela irá ser também de maneira particular, testemunho desse “universo invisível”. Esse universo que nós cremos sem vê-lo e que ela experimentou duma maneira muito forte.

Em Marselha: as Irmãs de São José

Em 1865 Mariam encontra-se em Marselha. Entra em contacto com as Irmãs de São José da Aparição. Tem 19 anos, mas só parece ter 12 ou 13. Fala mal o francês e possui uma saúde frágil, de todos modos é admitida ao noviciado e sua alegria é enorme por poder entregar-se assim a Deus. Sempre disposta aos trabalhos mais pesados, ela passa a maior parte de seu tempo lavando ou na cozinha. Mas, dois dias por semanas revive a Paixão de Jesus, recebe os estigmas (que na sua simplicidade crê ser uma enfermidade) e começam a manifestar-se toda a classe de graças extraordinárias. Algumas irmãs ficam desconcertadas com o que se passa com ela, e ao final de 2 anos de noviciado, não é admitida na Congregação. É assim que um conjunto de circunstâncias a levam até ao Carmelo de Pau.

O Carmelo de Pau

É recebida em Junho de 1867. Ali, no meio de todas as provas que terá de atravessar, encontrará sempre o amor e a compreensão. Ingressa de novo no noviciado, donde recebe o nome de Irmã Maria de Jesus Crucificado. Insiste em ser admitida como ‘irmã conversa’, pois gosta mais do serviço aos outros, tendo por outro lado dificuldades de leitura, nomeadamente na recitação do Oficio Divino. Sua simplicidade e sua generosidade conquistam os corações de todos. Suas palavras proferidas depois de um êxtase são o fruto de sua vida: "Onde está a caridade ali também está Deus. Se pensais em fazer o bem a vosso irmão, Deus pensará em vós. Se cavais um poço para vosso irmão, caíreis nele; o poço será para vós. Mas, se fazeis um céu para vosso irmão, esse céu será para vós…”.
Dom da profecia, ataques do demónio ou êxtases… entre todas as graças divinas das quais está colmada, ela sabe, de maneira muito profunda, ser ‘nada’ diante de Deus, e quando fala dela mesma se chama "o pequeno nada", é realmente a expressão profunda de seu ser. É o que a faz penetrar a insondável profundidade da misericórdia divina onde ela encontra a sua alegria, suas delicias e a sua vida… “A humildade é feliz de ser nada, ela não se apega a nada, ela não se cansa nunca de nada. Está contente, é feliz, donde quer que esteja é feliz, está satisfeita com tudo… Felizes os pequenos!”. Ali está a fonte de seu abandono entre graças mais estranhas e os acontecimentos humanos mais desconcertantes.

A fundação do Carmelo de Mangalore na Índia

Após 3 anos, em 1870, parte com um pequeno grupo de irmãs para fundar o primeiro mosteiro de carmelitas na Índia, em Mangalore. A viagem de barco foi uma aventura e três religiosas morrem antes de chegarem. De todos modos, são enviados reforços, e em finais de 1870 pode-se iniciar a vida claustral. Suas experiências extraordinárias continuam sem impedir-lhe a realização dos trabalhos mais pesados e de dar atenção aos problemas inerentes a uma nova fundação. Durante seus êxtases, as irmãs às vezes podiam ver seu rosto resplandecente na cozinha ou noutro local. Participa em espírito nos acontecimentos da igreja, por exemplo, nas perseguições na China e também parece ser possuída exteriormente pelo demónio, fazendo-lhe viver terríveis tormentos e combates. Foi o começo de muitas incompreensões na sua comunidade, onde duvidaram da autenticidade do que ela vivia. Não obstante, pôde emitir seus votos no final do noviciado a 21 de Novembro de 1871; mas as tensões criadas em seu redor acabaram por provocar o seu regresso ao Carmelo de Pau em 1872.

O regresso a Pau

Naquele lugar leva de novo a sua vida simples de ‘irmã conversa’ no meio do carinho de suas irmãs, e sua alma dilata-se. Durante alguns
êxtases, ela que é quase analfabeta, profere repentinamente em exultação de gratidão até Deus, poesias duma grande beleza, cheias de encanto e candor oriental, onde a criação inteira canta ao seu Criador. Pelo ímpeto de sua alma até Deus, ela elevar-se-á até ao cima de um árvore sobre uma rama que não suportaria nem sequer uma pequenina ave. “Todo o mundo dorme. E Deus, tão repleto de bondade, tão grande, tão digno de louvores, é esquecido!… Ninguém pensa Nele!
Vede, toda a natureza O louva, o céu, as estrelas, as árvores, as ervas, tudo O louva; o homem, que conhece os seus benefícios, que deveria louvá-Lo, dorme!… Vamos, vamos despertar o universo!”
São numerosos os que procuram Mariam para consolo, conselhos, para que reze pelas suas intenções, partem iluminados e fortificados com este encontro.

A fundação do Carmelo de Belém

Pouco depois de seu regresso de Mangalore, ela começa a falar da fundação de um Carmelo em Belém. Os obstáculos são numerosos, mas dissipam-se progressivamente, incluso de maneira inesperada. Por fim a autorização é dada por Roma e a 20 de Agosto de 1875 um pequeno grupo de carmelitas embarca para esta aventura. O Senhor mesmo guia Mariam na escolha do local e na forma de construção de novo Carmelo. Como ela é a única que fala árabe, encarrega-se particularmente de seguir os trabalhos, “imersa na areia e na cal”. A comunidade instalar-se-á no dia 21 de Novembro de 1876, enquanto que certos trabalhos continuam.
Prepara também a fundação de um Carmelo em Nazaré, viajando até lá para comprar o terreno, em Agosto de 1878. Durante essa viagem é lhe revelado por Deus o lugar de Emaús. Ela pede a ajuda de Berthe Dartigaux para comprá-lo para o Carmelo.
De volta a Belém, retoma a vigilância dos trabalhos debaixo de um calor sufocante. Quando leva algo para beber aos trabalhadores, Mariam cai de uma escada e parte um braço. A gangrena vai avançar muito rapidamente e morre poucos dias depois, a 26 de agosto de 1878, aos 32 anos. Ela é beatificada a 13 de Novembro de 1983 pelo Papa João Paulo II.

Mariam e o Espírito Santo

Mariam, descobre-nos este mundo invisível tão perto de nós e que é todo misericórdia. Ela ensina-nos a investir toda a nossa vida “naquele que nunca passa”, o que realmente importa, Deus. A luta contra todas as forças do mal ainda está a decorrer. Beata Mariam é conhecida por muitos como “Patrona da Paz” para a Terra Santa, é para nós um estímulo deixar-nos transfigurar pelo Senhor a fim de converter-nos nós mesmos em artesãos desta transfiguração do mundo pela graça de Deus. Testemunho de um mundo já transfigurado, Mariam conduz-nos a esse primeiro dia da Criação, onde o Céu e a Terra ainda não foram separados, onde só há luz e trevas: esse dia Um, reflexo da Unidade divina, donde tudo resplandece desta Unidade.
E justamente, Mariam sente-se atraída de modo particular pelo Espírito Santo, este Espírito que pairava sobre as águas no principio da Criação. É este Espírito Santo que ela quer-nos entregar como herança, já que quando Ele vem tomar o lugar do nosso “eu” transfigura cada coisa, “cria de novo” (Isaías): “Dirigi-vos ao Espírito Santo que inspira tudo”.
“O ‘eu’ é aquele que perde o mundo. Os que têem o “eu” carregam a tristeza e a angústia com eles. Não se pode ter Deus e o mundo ao mesmo tempo. Aquele que não tem o “eu” tem todas as virtudes e a paz e a alegria". Mas com o Espírito Santo, mesmo com “uma gota” só, tudo és possível: “Fonte de paz, de luz, vem iluminar-me; eu sou ignorante, vem ensinar-me… Os discípulos eram muito ignorantes, eles estavam com Jesus e não O compreendiam… Quando lhe deste o raio de luz, os discípulos desapareceram, eles já não eram como foram, a sua força foi renovada…

Espírito Santo, Eu abandono-me a Vós.”
Espírito Santo
Espírito Santo, inspirai-me.
Amor de Deus, consumi-me.
Ao verdadeiro caminho, conduz-me.
Maria, Minha Mãe, olhai por mim,
Com Jesus, bendiga-me;
De todo mal, de toda a ilusão,
De todo o perigo, protege-me.

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