Nascida Edith Stein, sua história é a de uma judia alemã que se tornou cristã, depois carmelita, antes de morrer numa câmara de gás em Auschwitz. Assim pode se resumir sua vida:
Nasceu em Breslau em 1891. Quando criança ela esperava, junto dos seus, à vinda do messias dos judeus. Durante a adolescência ela não demora a ser contagiada pelo ateísmo reinante então na sociedade, mas ela nunca negou sua pertença ao povo eleito. Nesse período ela revelou sua excepcional capacidade de especulação filosófica, tornando-se inclusive assistente do prestigioso filósofo mestre da fenomenologia: Edmund Husserl.
Aos 30 anos, após uma leitura fortuita da autobiografia de Santa Tereza de Ávila, sua vida muda consideravelmente e faz com que ela troque a sabedoria dos sábios pela sabedoria de Cristo.
Dez anos mais tarde ela se torna religiosa no Carmelo de Colônia e toma o nome de Teresa Benedita da Cruz. Em seu nome resume-se o seu destino: a cruz será sua benção. Quando ela refugiou-se dos nazistas num convento holandês, foi preza como milhares de judeus em 1942 e levada a Auschwitz – lugar que também nos daria o mártir São Maximiliano Kolbe. Nesse macabro lugar ela foi martirizada.
Como uma humilde ovelha levada ao matadouro ela identificava-se assim ao sofrimento de seu povo e ao maior dentre eles: o servo sofredor Jesus Cristo. Também ela era a serva sofredora presa à cruz de Cristo.
João Paulo II a canonizou em 1998 e a declarou co-padroeira da Europa. Segue uma parte da homilia de canonização de Edith Stein em 11 de outubro:
"Enfim, a nova Santa ensina-nos que o amor a Cristo passa através da dor. Quem ama verdadeiramente, não se detém diante da perspectiva do sofrimento: aceita a comunhão na dor com a pessoa amada. Consciente do que comportava a sua origem judaica, Edith Stein pronunciou palavras eloquentes a este respeito: «Debaixo da cruz, compreendi a sorte do povo de Deus... Efetivamente, hoje conheço muito melhor o que significa ser a esposa do Senhor no sinal da Cruz. Mas dado que se trata de um mistério, isto jamais poderá ser compreendido somente com a razão». Pouco a pouco, o mistério da Cruz impregnou toda a sua vida, até a impelir rumo à oferta suprema. Como esposa na Cruz, a Irmã Teresa Benedita não escreveu apenas páginas profundas sobre a «ciência da cruz», mas percorreu até ao fim o caminho da escola da Cruz. Muitos dos nossos contemporâneos quereriam fazer com que a Cruz se calasse. Mas nada é mais eloquente que a Cruz que se quer silenciar! A verdadeira mensagem da dor é uma lição de amor. O amor torna o sofrimento fecundo e este aprofunda aquele. Através da experiência da Cruz, Edith Stein pôde abrir um caminho rumo a um novo encontro com o Deus de Abraão, Isaac e Jaco, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. A fé e a cruz revelaram-se-lhe inseparáveis. Amadurecida na escola da Cruz, ela descobriu as raízes às quais estava ligada a árvore da própria vida. Compreendeu que lhe era muito importante «ser filha do povo eleito e pertencer a Cristo não só espiritualmente, mas inclusive mediante um vínculo sanguíneo».
«Deus é espírito e aqueles que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4, 24). Caríssimos Irmãos e Irmãs, com estas palavras o divino Mestre entretém-se com a Samaritana junto do poço de Jaco. Quanto Ele deu à sua ocasional mas atenta interlocutora, encontramo-lo presente também na vida de Edith Stein, na sua «subida ao Monte Carmelo ». A profundidade do mistério divino tornou-se-lhe perceptível no silêncio da contemplação. Ao longo da sua existência, enquanto amadurecia no conhecimento de Deus adorando-O em espírito e verdade, ela experimentava cada vez mais claramente a sua específica vocação de subir à cruz juntamente com Cristo, de abraçá-la com serenidade e confiança, de amá-la seguindo as pegadas do seu dileto Esposo: hoje, Santa Teresa Benedita da Cruz é-nos indicada como modelo em que nos devemos inspirar e como protetora à qual havemos de recorrer. Dêmos graças a Deus por este dom. A nova Santa seja para nós um exemplo do nosso compromisso no serviço da liberdade e na nossa busca da verdade. O seu testemunho sirva para tornar cada vez mais sólida a ponte da recíproca compreensão entre judeus e cristãos. Santa Teresa Benedita da Cruz, ora por nós! Amém"
Algumas frases de Santa Teresa Benedita da Cruz:
“O que conhecemos de nós mesmos não é senão superfície. A profundidade permanece-nos em grande parte oculta. Só Deus a conhece.”
“Tudo depende do amor ,pois no fim é pelo amor que seremos julgados”
“O que vale a pena possuir, vale a pena esperar”
“Responder o chamado de Deus é sempre uma aventura, mas vale a pena correr o risco”
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