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domingo, 22 de agosto de 2010

Vivia a realidade da onipresença divina, numa intimidade tão estreita com Jesus que não tinha conselheiro mais próximo, consolador mais eficaz, amigo mais terno. Deus em tudo, Deus em todos. Como podia julgar?... Só era capaz de amar e agir pelo seu Senhor. O administrador que trabalha a serviço de um amo todo-poderoso não leva em conta os seus próprios interesses. Atua sem febres nem cobiça, castiga sem ódio, recompensa sem favoritismos, "compra como se não possuísse e usa das coisas sem apegar-se a elas", está posto em sossego. De todos os conventos fundados, a Madre pensava como do primeiro: "Senhor, esta casa não é minha, por Vós foi feita; agora que não há ninguém que negocie, faça-o Vossa Majestade"
Teresa estava já desligada de todos os laços terrestres. Gracián? A prioras rebeldes? Teresinha? Os parentes?... Mas de uma vez lhe acontecera sorrir ao pensar como se enganam os que afagam ou maltratam um coração que julgam dominar. Já não os amava segundo a carne, já não tinham o poder de afastá-la de um Deus que vivia na sua alma; mas, segundo o espírito, amava-os tanto que os trazia constantemente dentro dela, na luz; e salvar um único dentre eles, teria cedido o seu quinhão de eternidade. Um único, sim, mas também o mais insignificante dos homens, pois estava desprendida até do desejo da glória celestial; servia a Deus "de graça, como fazem os Grande ao rei". A sua única paixão consistia em amar a Deus e fazer que o amassem:
_Alegra-me-ia de ver outros no Céu com mais glória do que eu, mas não suportaria que alguém amasse mais a Deus do que eu.

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